quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Conhecer a Realidade Social forma Caráter

Henrique Máximo

Em Janeiro de 1994 eu fiz uma viagem para o nordeste com minha família com destino ao Maranhão, terra natal dos meus pais. O transporte era um Corcel II que meu pai tinha na época (alguns vão se lembrar desse carro) e logicamente quebrou várias vezes no caminho. Mas não é de Corcel que eu quero falar e sim do que eu aprendi nessa viagem.

Na época eu tinha 6 anos, estava na fase da infância que começamos a discernir o certo do errado, imagino como os pais devem ter trabalho. Crianças adoram viajar, ainda mais quando você é acostumado desde bebê a fazer isso, afinal, sou filho de motorista de ônibus. Viajar é bom para conhecer lugares novos, mas também para conhecer culturas e realidades diferentes da sua.

Cresci num bairro simples de Taguatinga, cidade satélite do Distrito Federal. Sem luxo, mas com muito amor e até certo ponto mimado por ser o caçula, não tinha tido contato com a pobreza extrema que me deparei em cidades do interior do nordeste.

Eu tinha o que comer todos os dias, mesmo assim minha família era considerada classe baixa em Brasília, mas ao me deparar com crianças com roupas sujas (quando tinham roupa), desnutridas e sem infância, fiquei muito chocado. Para se ter uma idéia, o Corcel II velho do meu pai parecia uma Ferrari aos olhos de alguns deles. Foi impressionante a alegria de um menino que ganhou da minha mãe uma entrada para o Circo por ter vigiado o carro, algo em torno de R$5 naquela época.

Conhecer a realidade social forma caráter? Sim. Eu nunca mais fui o mesmo depois dessa viagem. Encantei-me pelo nordeste e a humildade de sua gente. Orgulhei-me de saber que minhas origens vinham daquele povo, que sabia sorrir mesmo vivendo na extrema pobreza e sendo esquecidos pelos governantes.

Aprendi o quanto era fútil me sentir inferiorizado porque meus coleguinhas tinham vídeo games, roupas ou brinquedos melhores que os meus, enquanto que aquelas crianças do nordeste adorariam ter pelo menos as coisas que eu tinha ou ter refeições diárias como eu.

Onde entra a questão do caráter? A partir do momento que eu mudei minha postura em relação à sociedade comecei a ser discriminado por não ser uma criança alienada pelas idéias que a grande mídia e a classe média vendiam como verdade, principalmente no que se refere aos pobres. Quando você sente preconceito por ter idéias diferentes da maioria, geralmente você está indo no caminho certo.

Lógico que o caráter é determinado por vários fatores, mas ter conhecido tão cedo uma realidade que eu não conhecia foi algo que ajudou muito na minha formação como ser humano e algum tempo depois como jornalista.

Encerro meu texto com uma frase do filósofo japonês, Seicho Taniguchi, que define a visão de mundo que tenho hoje: “Repare nas coisas que possui, e não no que falta.”

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A Verdade é um Vírus



Henrique Máximo

“A Verdade é um Vírus”. A frase retirada do filme, “Um Som Diferente (Pump Up The Volume)” de 1990, estrelado por Christian Slater, resume não só o que é óbvio, mas “destila um veneno ácido” sobre a consciência das pessoas que vivem escondidas atrás de máscaras ou de mentiras.

O tema principal do filme é a adolescência e as metamorfoses que todos os adultos já passaram um dia, quando estavam na fase das descobertas e inseguranças. Mas não venho aqui falar do filme respectivamente, e sim do tema abordado: a adolescência.

O pensamento coletivo comum da sociedade é o que comanda a maioria, porém, quando se é adolescente você não quer fazer parte desse grupo, você quer ser diferente. Há aqueles que têm medo de bater de “frente” com o "sistema", com os pais ou qualquer tipo de tabú da sociedade. Aí está um problema, pois jovens que passam por isso geralmente se tornam adultos frustrados ou possuem mudanças de temperamento constantemente.

Che Guevara disse certa vez: “Ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética”. Sim, é a mais pura verdade, mas o que eu vejo muito na sociedade de hoje são jovens acomodados com o "sistema", e pior, vejo jovens que esqueceram de que rebeldia faz parte da juventude, porém, há pais que atarefam tanto os filhos que faz eles se esquecem do que é ser adolescente.

Mas o que é ser adolescente? Não existe um estereótipo, mas a puberdade tem seu período e é uma fase que deve ser respeitada. O problema é que hoje as crianças estão se tornando adolescentes cedo demais e os adolescentes se tornando adultos fora do tempo. Isso está errado e é algo preocupante. Quem são os culpados? Os pais, os meios de comunicação e o governo, ou seja, o “sistema”.

Por que os pais? Porque muitos pais deixam seus filhos serem “educados” pelos meios de comunicação, principalmente a TV e a Internet, não dando importância ao que seus filhos estão assistindo ou acessando. Por que os meios de comunicação? Porque sabendo de sua responsabilidade em ter milhões de jovens como audiência, não apresentam conteúdos educativos o suficiente, ou pelo menos algo que estimule o jovem a refletir sobre sua realidade. Por que o Governo? Porque não possui um sistema de educação decente. Omite-se do separatismo que ocorre entre a qualidade de ensino público e o privado e não dá bons exemplos através de seus governantes.

É a falta de “rebeldia” que existe hoje na juventude que fortalece o “sistema”, pois o comodismo é uma doença social que está se distanciando da “cura”. No filme diz que “A verdade é um Vírus”, mas parece que o "sistema" descobriu o antídoto. Espero que aconteça um “milagre” e esse “Vírus” volte a ter força como nos tempos em que jovens lutavam contra ditaduras, derrubavam presidentes ou lotavam festivais de músicas que contestavam o “sistema” e não que faziam parte dele.

Viver em uma democracia não quer dizer, viver livre, é apenas uma “garantia” de que você pode participar do processo político do seu país, o que na prática não quer dizer muita coisa. Porém, ser adolescente é querer lutar contra o “sistema”, não para destruí-lo, mas para ele perceber que você existe, afinal, o “troféu” de um adolescente não é "ganhar", e sim, ser percebido ou ter alguém para escutar o que ele tem pra dizer, mesmo que seja uma “bobagem” aos olhos de um adulto, para um adolescente pode ser algo muito importante dentro do seu “universo”.

Ser adolescente é ser uma contradição ambulante, ao mesmo tempo quer ser um “revolucionário” em assuntos sérios, apesar de ser inseguro nas descobertas da puberdade. Ser jovem é querer sempre ter razão, mesmo quando nossos pais ou professores estão com ela. Mas atenção, não saia por ai “tocando o terror” em nome da juventude, porque não se deve levar a vida tão a sério nessa fase, pois quando passa essa fase de “poucas” responsabilidades, você sente saudades e como sente.

Resumindo: pais, deixem seus filhos serem adolescentes, pois eles nunca serão adultos frustrados, pois “A verdade é um vírus” e não tem coisa pior do que fingir ser o que não é. Seja sempre o que vocês são, pois a essência do ser humano está impregnada na sua consciência limpa, não a suje de mentiras e não coloque máscaras. É como diz na canção “Quase sem querer” da Legião Urbana: “Que mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira”.


sexta-feira, 10 de junho de 2011

O “Polêmico” Dia dos Namorados




Henrique Máximo

Para os apaixonados o Dia dos Namorados é uma data muito esperada, mas para os solteiros é uma data que causa diversas reações emocionais. Há aqueles que fazem piadas com o romantismo exagerado, outros que demonstram certo incômodo por estarem sozinhos e existem também aqueles que não levam tão a sério, ou por se tratar de uma “data fabricada” pela publicidade para atrair consumidores ou por qualquer outro motivo.

Fazendo uma análise das reações dos solteiros, podemos esteotipar a data como polêmica, por dividir tantas opiniões. Os piadistas que dizem que se fosse pra levar a sério a data, teriam que passar o Dia do Índio com um Índio ou coisas do tipo, gostaria de lembrar que o Dia dos Namorados é uma comemoração afetiva como o Dia das Mães, o Dia dos Pais e o Natal. Acredito que essas datas comemorativas também causam desconforto com quem não tem Mãe, Pai ou Família, respectivamente.

Quanto às outras duas situações não tem muito o que analisar, o mais comum é sentir um certo incômodo mesmo e as pessoas que não se importam muito com a data e preferem estar solteiros, demonstram que são desprendidos de laços afetivos, o que pode ser bom por um lado e ruim por outro, geralmente são pessoas que tiveram desilusões amorosas ou estão em uma situação de conforto e não querem nada sério por enquanto.

A Psicologia explica que independente da forma que você se manifesta sobre algo, quer dizer que você se importa com aquilo, ou seja, inconscientemente ou não o Dia dos Namorados causa reações emocionais. Independente de você ser romântico, não deixais os maus pensamentos roubar do coração aquilo que está visível aos olhos: a vontade de viver um grande amor, pois a felicidade é um “tesouro! e o “mapa” está dentro de você.

domingo, 10 de abril de 2011

A "Arte" de Perder Tempo



Henrique Máximo

Existem muitos tipos de arte, geralmente a “arte” é uma coisa boa, mas existe uma “arte”, que infelizmente é o dom de muitos seres humanos: A "arte" de perder tempo.

Muitas pessoas parecem gostar de reclamar da vida, mas esquece de lembrar o que ela possui ou viveu de bom. Se boas lembranças não servissem para nos estimular a ter novas boas lembranças, tudo que fazíamos era esquecido no dia seguinte. Quanto mais nos apegarmos aos problemas, mais os problemas vão se apegar a nós, pois a energia que rege o mundo tem como conduta a lei da atração.

Sinceramente, você já viu alguém que gasta seu tempo reclamando da vida progredir mais do que uma que é otimista? Acho muito difícil, sabe porque? Por exemplo, se o tempo perdido for em relação à questão financeira, saiba que um rico pessimista tem mais possibilidade de ficar pobre do que um pobre (financeiramente) otimista ficar rico, por conta da riqueza de pensamentos, algo que é muito mais importante. Até o ar que respiramos é uma riqueza.

Vamos fazer um teste diariamente? A cada tempo gasto com um pensamento ruim, vamos pensar o dobro de coisas boas, no final do dia a nossa mente vai ter cravado no subconsciente os pensamentos bons e isso vai irradiar coisas boas para nossas vidas. Dúvida? Ótimo, ter senso crítico é algo necessário, quando usado para engrandecer o nosso conhecimento, mas quando é usado apenas para desqualificar os outros ou nós mesmo é mais um exemplo de como se perder tempo.

Transforme essa “arte” de perder tempo com pensamentos e atitudes ruins em arte de verdade. O que é a arte pra você? Pra mim é o ato de transformar sentimentos e pensamentos em expressão artística. Arte leva o bem estar ao próximo, causa reflexão e emociona. Legal, né?

Lembre-se, nenhum ser humano é perfeito, pois é com os nossos erros que aprendemos a ser grandes. Na infância, quantas vezes nós caímos da bicicleta até conseguirmos andar nos equilibrando? Leve isso pra sua vida. Gaste seu tempo se esforçando em atrair coisas boas para sua vida e para a vida das pessoas que você gosta, por pior que pareça a sua realidade. Como dizia Shakespeare: “Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com freqüência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar”. Reflita.